Aquilo que vos posso dizer relativamente à catedral da "Sagrada Família" é que apesar da magnífica obra não só de arte mas também de engenharia e arquitectura, foi de todos os "ex-libris" de Barcelona o que mais me decepcionou. O "museu" que faz parte do circuito, mais ou menos organizado, (mais para o menos que para o mais) e pelo qual pagamos 8 € é tão fraco e com o qual apenas ficamos deliciados com os pilares altíssimos que constituem a nave central porque as esculturas que adornam as paredes das 3 entradas da catedral poderiam ser facilmente contempladas de fora dos portões... caso desejemos subir a uma das torres, de elevador, apenas subir (os avisos são claros, descer só a pé pelos mais de 200 degraus), pagamos mais uns 2 € extra.
Minologa pois um dia um amigo nem conseguia lembrar-se do nome da minha profissão e saiu-se bem... É esta agora a minha denominação e um dos meus prazeres. Para além dessa paixão há a arquitectura, a arte, a música, o cinema e mais recentemente a escalada. São todas as aventuras que eu associarei a estas e todas as minhas paixões que irei relatar aqui...
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Barcelona
quarta-feira, novembro 29, 2006
Resultados ao fim de 3 meses...
No passado dia 24 fiz exactamente 3 meses que tive a minha primeira experiência de escalada.
Nesse dia, em Agosto, experimentei escalar no Fradinho em Tabuaço, em top é claro e com sapatilhas... apenas no dia seguinte consegui encadear a minha primeira via, em top também, a Diana, 4º grau , igualmente em Tabuaço. Desde então os resultados para mim têm sido bastante motivadores. As pessoas que tenho conhecido, o ambiente associado à escalada, os sítios que tenho descoberto apenas devido a esta nova actividade têm sido simplesmente inegualáveis com qualquer outro desporto que pudesse ter escolhido.
Deixo apenas uma ressalva para a minha Mami; não te preocupes, para além da capacidade que a escalada tem de nos transmitir sentimentos de frustração e/ou grande realização, medo e adrenalina, concluo que é um desporto relativamente seguro em comparação a muitos mais comummente aceites. A segurança é sem dúvida uma prioridade na sua prática.
Os resultados dos 3 meses são então:
25/08/06 - Diana, IV, e Fradinho, IV, em top - Tabuaço
09/09/06 - Via Rápida, III e Portugalopitecus, III - Redinha
16/09/06 - Aresta dos Básicos, VB e Huf Huf, V0+ - Blocos da N. Sra. da Assunção - Sto. Tirso
8/10/06 - LA cucaracha, IV+ - Redinha
14/10/06 - sem nome, IV - Longroiva
29/10/06 -Tan fácil, III+ à vista - Arboli, Espanha
30/10/06 - Kora, IV+ à vista - La Mussara, Espanha
31/10/06 - Aresta Bruts, IV e Cocoricó, III+ à vista - Mont-ral, Espanha
12/11/06 - Romulo e Remo, V+ - Tabuaço
19/11/06 - Kinder Garden, V - Poios, sector Microondas
Fotos de Montserrat
O mosteiro de St. Bennet mesmo ao fundo do majestoso Serrat del Moro Paret com os seus 360 m.
A vista do nosso quarto em Monistrol era simplesmente assombrosa.
A zona do Mosteiro é simplesmente fantástica, surreal! E o melhor é que algumas das suas "agulhas" são escaláveis com vias de vários largos, algumas com mais de 200 metros... O funicular leva-nos até à zona mais alta da serra.
Escaladores por todo o lado... colocam a corda em top às 10 da manhã e ficam com ela ali o dia todo! É incrível!
tal como o nome da via indica... a escola não é muito diferente. Aqui se pode ver o conglomerado de Montserrat.
Fotos de Prades
Esta aldeia com Mont-Sant atrás numa manhã gélida com sol e nevoeiro, a caminho de Siurana.
O sector Trono em Siurana
Esta "encosta vermelha" em Siurana
Um francês a escalar um 6b+ (Ta) em Mont-ral, visto da uma passagem que tinhamos que fazer.
segunda-feira, novembro 20, 2006
Cuidado com as moscas e os mosquitos!
sexta-feira, novembro 17, 2006
Já voltei! é verdade, a aventura (sim, por vezes tivémos episódios de verdadeira aventura...) teve que terminar para voltar ao trabalho e no meu caso ao frio e à chuva... mas tem que ser.
Só posso garantir que os 15 dias de férias foram intensíssimos, vividos com muita adrenalina, cansaço, emoção, alegria, tristeza, dor, surpresa, encanto, assombro, excitação, pasmo e imensa contemplação pela capacidade humana quer para aproveitar a natureza quer para construir algo de simplesmente fantástico. Passo a relatar o que ainda me recordo da nossa viagem e que pode até servir de guia para viajantes que não queiram gastar muito dinheiro (que não foi bem o nosso caso que ainda cometemos algumas extravagâncias), não se importem de acampar e gostem de escalada e algum turismo cultural e histórico. Enfim, quem queira ir até à região de Prades, Montserrat e à cidade de Barcelona.
domingo, novembro 05, 2006
Prades - La Mussara - Siurana - Mont-ral- Montserrat - Monistrol de Montserrat - El Bruc- Vila Nova de Prades
O que ficou por contar é muito e são tantos os episódios... como a nossa travessia neste pequeno rasgo na rocha que aparece na foto em La Mussara e que começa por ter a nossa altura e depois reduz-se até termos que ir de gatas... com cerca de 2 m de largura e com um precipício de cerca de 40 m do nosso lado direito... as mochilas às costas... e para voltar atrás teríamos que o contornar por baixo demorando o triplo do tempo. Ou como quando decidimos ir conhecer outro sector em La Mussara... depois de mais alguns encadeamentos do mestre e muitos sustos à mistura decidimos mudar de sector e ir conhecer o 6º que deveria ficar apenas "do outro lado da estrada". O que é certo é que depois de descermos uma pequena ladeira onde quase caíamos por implicância do Márcio eu decidi puxar dos meus "galões de orientação" e meter-nos no meio do mato seguindo aquilo que eu entendi ser um trilho no meio de silvas, trepadeiras dignas da selva amazónica, ladeiras escorregadias, azinheiras e todo o tipo de mato denso que se possa imaginar com espinhos e picos... ao fim de mais de meia hora a cortar caminho (literalmente) e a seguir sabe-se lá o que, o bom senso e alguma vergonha fizeram-me admitir que estava enganada e que seria melhor regressar... aí veio o medo porque apesar de ser dia, termos as tikas (espécie de "farolins" de cabeça) e alguma comida e água nas mochilas (a minha com cerca de 5 kg e a do Márcio com mais de 8, o que a abrir mato em desnível é como se fosse o triplo) ajudou para que se levantasse um pouco de pânico... mas o meu orgulho fez com que enchesse o peito e me metesse a caminho... só ao fim de cerca de um quarto de hora e encontrar um pedaço de vidro verde no chão é que tive a certeza que estávamos bem, pelo menos no trilho certo... nunca me tinha sentido assim, posso seguramente afirmar que nunca tinha estado tão desorientada como desta vez... e o Márcio nem comentou... foi o que melhor fez... deu conta de como tinha ficado com o orgulho magoado e perante o stress a que tínhamos estado sujeitos decidimos nesse dia não escalar mais... fomos passear até Siurana, uma espécie de tréguas que souberam melhor que mil desculpas.
quarta-feira, novembro 01, 2006
Prades - Salou
domingo, outubro 29, 2006
Prades - Arboli - La Mussara
Como não estávamos ainda satisfeitos rumámos até La Mussara, já a meio da tarde, para fazer pelo menos o primeiro reconhecimento e não irmos depois completamente às escuras. Esta foi sem dúvida, para mim a melhor escola. La Mussara com as suas paredes, algumas com mais de cem metros, viradas para o mar, ao longe, Salou e toda a costa da Cataluna. Mal avistamos as suas paredes da estrada podemos sentir a sua energia positiva. É uma escola para todos os graus e tem vias lindíssimas. Ainda tivémos tempo de fazer um V+ enorme, eu em top é claro, mas o medo mesmo assim foi enorme. Só esta escola tem 6 sectores e no 5º onde estivémos tem cerca de 13 zonas distintas! É gigante, magnífico, incrível. Manana volveremos!
Ao jantar foi a vez de uma magnífica refeição de grão com atum e bacon! Depois fomos tomar um café ao centro de Prades e eu arrisquei uma taça de vinho de lá... arrisquei mal pois foi o pior vinho que tomei na minha vida! Mas não se pode dizer que não se gosta sem se provar...
sábado, outubro 28, 2006
Antas - Prades
São 5 da matina e estamos a acordar para sair o mais tardar às 6 e pormo-nos a caminho - que castigo! mas queremos chegar ainda de dia para dar com o sítio e o parque e montar confortávelmente a tenda. Conseguimos sair dentro do previsto e acabar de montar tudo eram 5 e meia da tarde, locais.
Depois de estar tudo na "base" pronto fomos fazer o reconhecimento de campo, conhecer a vila de Prades. Deparámo-nos com a realidade que aqueles tipos falavam uma lingua que nós nem se soubessemos russo perceberiamos. O Catalão é incompreensível! Quando se punham entre eles a falar era realmente cómico pois eu só me tinha sentido assim quando visitei Oslo... não se percebe mesmo nada. Isso acabou por não ser problema porque as pessoas eram todas super simpáticas e no final de dois dias já cumprimentava toda gente por que passavamos. O buenos dias impunha-se e era mesmo reconfortante a quase 800 km de casa...
Voltámos ao parque e fizémos a nossa primeira refeição. Massa instantânea com um sabor a uma erva italiana que não me lembro o nome agora à qual se adicionou apenas um pouco de bacon esturgido e água. Muito bom tendo em conta as circunstâncias. É de referir que o mestre levou um kit de cozinha para este tipo de situações com um mini-fogão que foi top e sem o qual não conseguirimos nem jantar nem tomar os fundamentais pequenos almoços, duas refeições quentes, fundamentais para podermos aguentar o esforço a que seriamos sujeitos nos dias seguintes.
A noite apesar de acabar cedo porque estávamos exaustos ainda acabou em beleza com a notícia recebida via sms da vitória do Porto ao SLB por 3-2. Ganhei o dia!
sexta-feira, outubro 27, 2006
a caminho de Prades, Montserrat, ...Barcelona!
Amanha por esta hora encontrar-me-ei a caminho da Serra de Prades, depois Montserrat e por fim Barcelona! 15 dias de campismo e escalada e hotel e museus! A vida sabe como compensar os maus momentos... obrigada.
Para saberem mais sobre a região e ver algumas fotos como esta que retirei de lá vão até
http://www.onaclimb.com/montsefotos/index.htm
http://www.coronn.com/TOPOS/spain/prades/prades_photo_la_riba.html
Espero regressar inteirinha... Jokas e até depois.
quinta-feira, outubro 19, 2006
Hoje "meti férias".
Pelo menos assim me tinha predisposto mas o dia ao decorrer trocou-me as voltas. Pretendia um dia de pausa, de descanso - evitar preocupações.
Aquilo que descobri é que quanto mais tempo passamos "parados" mais pensamos e mais medos ganhamos... não gostei. Descobri que a condição humana nos obriga a ter sempre medo de qualquer coisa e por isso nunca temos a certeza absoluta de nada... uma frase, uma resposta que não compreendemos, uma nuvem mais escura, o chão molhado, um olhar desviado... tememos e pensamos o que aquilo poderá querer dizer... medo de um não, da confirmação, medo da chuva, do vento, medo do acidente, da dor, medo do Milu ferrar a Tica, medo do ouriço cair, medo do tempo passar, medo de esquecer, medo que se esqueça, medo de perder... não quero perder.
segunda-feira, outubro 16, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
quarta-feira, setembro 20, 2006
Acordo.
Preocupo-me em dar de comer ao Milu, à Tica e à galinha e ao pato, Nini e "incógnito" respectivamente (não gosto de dar nomes a bixos cujo futuro se prevê findar num belíssimo arroz... - já a Nini, não sei se devido à pressão ou não mantém a sua obrigação de pôr um ovo de 2 em 2 dias! - ainda dizem que não há bixos stressados...);
Como qualquer coisa, tomo um duche e vejo qualquer canal que me dê um relance de notícias;
Começo à procura de planos... o mais provável é acabar por ir à vila buscar o correio, tomar o café com os bandidos do costume que aparecem à vez no café habitual e se for quinta compro a Visão (único hábito semanal).
Volto para casa na hora de almoço se entretanto não fôr desviada para alguma almoçarada de amigos...
Bem, o resto do dia não é muito diferente... só mesmo se tiver algo para fazer... que por vezes até tenho (como hoje).
No fim de semana é tudo diferente, diria mesmo que a minha vida começa aí...
Acordo cedo.
Tomo um bom banho para tentar acordar... e é duro...
Preparamos os sacos com o equipamento.
Arranjamos onde comprar pão bom (isso é importante!) e água, muita.
Partimos. Para onde não importa, pode ser para o quintal ou para uma longa viagem...estamos felizes (ainda cheia de sono é certo, mas muito feliz), é mais um dia de escalada na certa e sempre em sítios mágicos.
Está fresco o ambiente, como pelos vistos se quer, eu ainda não me adaptei à "temperatura de musgo" como lhe chamo, e o sono não ajuda... fico rabujenta e preguiçosa...
Entretanto com um pouco de insistência lá finjo que aqueço e começo a ver alguém "brincar". "Se calhar também consigo" penso eu... começo e ainda faço umas coisitas mas depois falho, volto a falhar, mudamos de spot, brilho (para mim) à primeira, mais uns tiros falhados, dou conta o quanto que estou verde e ganho alento para continuar a treinar... volto a ganhar... saldo final - mãos arranhadas, cortes nos dedos, um pé meio empenado e "ganas" de continuar.
Entretanto já almoçámos o manjar - pão, água, e umas bolachas que segundo o "filhote" sabem a canja de grão... mas é bom e mata a fome!
À tarde tenho a recompensa e entretanto já espevitei.
Deixamos o resto do grupo e vamos para um sítio fantástico.
Senhora do Salto.
Já estou um pouco cansadita do treino da manha, mesmo assim, coragem e tento uma via - claro, levei uma coça do xisto... que chatice... antes disso já tinha andado a meter água como segurança... o dia antevia-se como negro...
Falho, volto a falhar, só faço asneiras, estou cansada, frustrada, triste... só me pede calma. Não percebo mas tento seguir as instruções; "olha para a via", "onde achas que falhaste?"...algumas dicas depois mando-me outra vez à rocha. Tinha a certeza que os ante-braços não iam aguentar dois movimentos. Quando dei conta estava no topo. Ganhei o dia.
A seguir descemos, fomos espreitar uns prós e relaxar... O sol já descia e batia-me mesmo na cara. Entre a filosófica discussão entre espanhois sobre as maravilhosas características das invulgares batatas que acompanham o leitão da bairrada, a vista dos penhascos onde nós nos encontrávamos, num pequeno patamar criado uma boa parte dele à enchada e com machado, para o desfiladeiro cortado pelos rápidos e cascatas de um rio que passa pouco abaixo da nossa cota e os encadeamentos de uns loucos em vias que eu nem sonho sequer um dia conseguir chegar lá... penso apenas... como poderão as minhas semanas fazer sentido longe disto tudo?
"Para valorizarmos o bom temos que viver o mau" disse-me um dia alguém...
Eu digo apenas que o bom já conheço e mau ainda não precisei conhecer para valorizar o que já tenho.
quinta-feira, setembro 14, 2006
É aqui que irei registar e partilhar as minhas aventuras desde este período em que me estou a estrear nas andanças da escalada e onde espero ainda mostrar muitos dos meus sucessos. Tudo isto só é possivel graças a um dedicado mestre cuja dedicação é incansável mas também a um ambiente que felizmente todos os escaladores que tenho conhecido até agora têm potenciado.
Por todos os excelentes momentos de extase, adrenalina e por vezes frustração, seguramente que a escalada, tão cedo não saírá da minha vida e com isso tudo o que está ligado a ela...
Grazie Mestre e Filhote ;)
Este é o blog de uma jovem aprendiz de escaladora... Estando retirada aqui nas agrestes paisagens do norte do distrito de Viseu e sem quaisquer companheiros de "encadeamentos" nas redondezas resta-me aguardar quando umas almas caridosas vêm a estas bandas, vindos de terras longínquas e me aturam nas minhas tentativas de fazer alguma coisa de geito... corajosos, sim eu sei, mas ainda há gente assim! É graças a eles que eu comecei e estou neste momento, tendo apenas tido as primeiras experiências à muito pouco tempo, completamente viciada...daí que passe as semanas a stressar pela chegada dos fins-de-semana quando já posso treinar ;)
Bem, I'lll Keep in touch e sempre que vierem por terras do Magriço sabem que têm alguém por aqui, qui çá, de volta de uns "bloquitos" ...