quinta-feira, setembro 28, 2006

Outro dia passei pela varanda. A mesma varanda que me viu chorar. Me viu sentir tão fraca.... Sentir-me tão pouco eu, pois eu tinha ali desaparecido.
Ergui o olhar e respirei fundo...mas fiquei bem, incrivelmente bem. Foi a primeira vez que a fitei desde aquela outra noite e surpreendentemente, ou talvez não, fiquei mesmo bem. Reconquistei o meu lugar e mais que com satisfação foi com orgulho que a olhei de soslaio. Senti-me segura acima de tudo.
Segura como quando cheguei ao chão da "Diana",
Segura como naquele miradouro no topo do Mundo num dia de Verão,
Segura como me sinto agora, tão segura e plena como jamais me senti.
Os sonhos são algo de moldável. Não são estanques. Adaptam-se. Nunca pensei virem eles a adaptarem-se a mim de forma quase tão exacta.
Confesso que sempre fui um tanto ou quanto quadrada... Houve tempos em que muita coisa era importante para mim. Precisava de certezas de todos menos as minhas, não gostava de me sentir com certeza de nada e isso chegava até a assustar-me. Errei. Errei mais do que gostaria, também por causa disso.
As únicas certezas que tenho agora são as minhas. Acredito no que me diz mas não preciso que mo diga. Só gosto que o repita como um mimo do qual não me canso...
O medo do futuro perdi-o, nunca apreciei tanto a vida. Sinto ânsia de viver o meu futuro e o meu medo é começar a temer a morte.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Há dias assim... acordamos e pensamos se aquilo que normalmente poderiamos ambicionar, o não ter com que se preocupar, se será esse o verdadeiro prazer? Creio cada vez mais que não...

Acordo.
Preocupo-me em dar de comer ao Milu, à Tica e à galinha e ao pato, Nini e "incógnito" respectivamente (não gosto de dar nomes a bixos cujo futuro se prevê findar num belíssimo arroz... - já a Nini, não sei se devido à pressão ou não mantém a sua obrigação de pôr um ovo de 2 em 2 dias! - ainda dizem que não há bixos stressados...);
Como qualquer coisa, tomo um duche e vejo qualquer canal que me dê um relance de notícias;
Começo à procura de planos... o mais provável é acabar por ir à vila buscar o correio, tomar o café com os bandidos do costume que aparecem à vez no café habitual e se for quinta compro a Visão (único hábito semanal).
Volto para casa na hora de almoço se entretanto não fôr desviada para alguma almoçarada de amigos...
Bem, o resto do dia não é muito diferente... só mesmo se tiver algo para fazer... que por vezes até tenho (como hoje).

No fim de semana é tudo diferente, diria mesmo que a minha vida começa aí...

Acordo cedo.
Tomo um bom banho para tentar acordar... e é duro...
Preparamos os sacos com o equipamento.
Arranjamos onde comprar pão bom (isso é importante!) e água, muita.
Partimos. Para onde não importa, pode ser para o quintal ou para uma longa viagem...estamos felizes (ainda cheia de sono é certo, mas muito feliz), é mais um dia de escalada na certa e sempre em sítios mágicos.
Está fresco o ambiente, como pelos vistos se quer, eu ainda não me adaptei à "temperatura de musgo" como lhe chamo, e o sono não ajuda... fico rabujenta e preguiçosa...
Entretanto com um pouco de insistência lá finjo que aqueço e começo a ver alguém "brincar". "Se calhar também consigo" penso eu... começo e ainda faço umas coisitas mas depois falho, volto a falhar, mudamos de spot, brilho (para mim) à primeira, mais uns tiros falhados, dou conta o quanto que estou verde e ganho alento para continuar a treinar... volto a ganhar... saldo final - mãos arranhadas, cortes nos dedos, um pé meio empenado e "ganas" de continuar.
Entretanto já almoçámos o manjar - pão, água, e umas bolachas que segundo o "filhote" sabem a canja de grão... mas é bom e mata a fome!

À tarde tenho a recompensa e entretanto já espevitei.
Deixamos o resto do grupo e vamos para um sítio fantástico.
Senhora do Salto.
Já estou um pouco cansadita do treino da manha, mesmo assim, coragem e tento uma via - claro, levei uma coça do xisto... que chatice... antes disso já tinha andado a meter água como segurança... o dia antevia-se como negro...
Falho, volto a falhar, só faço asneiras, estou cansada, frustrada, triste... só me pede calma. Não percebo mas tento seguir as instruções; "olha para a via", "onde achas que falhaste?"...algumas dicas depois mando-me outra vez à rocha. Tinha a certeza que os ante-braços não iam aguentar dois movimentos. Quando dei conta estava no topo. Ganhei o dia.
A seguir descemos, fomos espreitar uns prós e relaxar... O sol já descia e batia-me mesmo na cara. Entre a filosófica discussão entre espanhois sobre as maravilhosas características das invulgares batatas que acompanham o leitão da bairrada, a vista dos penhascos onde nós nos encontrávamos, num pequeno patamar criado uma boa parte dele à enchada e com machado, para o desfiladeiro cortado pelos rápidos e cascatas de um rio que passa pouco abaixo da nossa cota e os encadeamentos de uns loucos em vias que eu nem sonho sequer um dia conseguir chegar lá... penso apenas... como poderão as minhas semanas fazer sentido longe disto tudo?

"Para valorizarmos o bom temos que viver o mau" disse-me um dia alguém...

Eu digo apenas que o bom já conheço e mau ainda não precisei conhecer para valorizar o que já tenho.

segunda-feira, setembro 18, 2006




Quando a nossa vida foi e é sempre cheia de dúvidas será a felicidade a desculpa perfeita para nos desleixarmos e passar a pensar menos? Creio que sim...

quinta-feira, setembro 14, 2006


É aqui que irei registar e partilhar as minhas aventuras desde este período em que me estou a estrear nas andanças da escalada e onde espero ainda mostrar muitos dos meus sucessos. Tudo isto só é possivel graças a um dedicado mestre cuja dedicação é incansável mas também a um ambiente que felizmente todos os escaladores que tenho conhecido até agora têm potenciado.

Por todos os excelentes momentos de extase, adrenalina e por vezes frustração, seguramente que a escalada, tão cedo não saírá da minha vida e com isso tudo o que está ligado a ela...

Grazie Mestre e Filhote ;)


Este é o blog de uma jovem aprendiz de escaladora... Estando retirada aqui nas agrestes paisagens do norte do distrito de Viseu e sem quaisquer companheiros de "encadeamentos" nas redondezas resta-me aguardar quando umas almas caridosas vêm a estas bandas, vindos de terras longínquas e me aturam nas minhas tentativas de fazer alguma coisa de geito... corajosos, sim eu sei, mas ainda há gente assim! É graças a eles que eu comecei e estou neste momento, tendo apenas tido as primeiras experiências à muito pouco tempo, completamente viciada...daí que passe as semanas a stressar pela chegada dos fins-de-semana quando já posso treinar ;)

Bem, I'lll Keep in touch e sempre que vierem por terras do Magriço sabem que têm alguém por aqui, qui çá, de volta de uns "bloquitos" ...