sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Wish I Was 50


Isto de entrar na crise dos 50 aos 26 tem muito que se lhe diga. Os amigos invejam a minha liberdade e “espaço de manobra” e já não se espantam quando mais uma vez lhes comunico que acabei com o X. Por si só, a expressão “acabei com” causa-me um nó no estomago e o sentimento de culpa é talvez o processo com o qual consigo namorar mais tempo do que a dita relação.
Enquanto revejo pela milionésima oitava vez as fotos daquelas férias ou daquele fim de festa na beira da piscina, o sol, a pele morena, os sorrisos, o total desapego de receios por consequências, a emoção da surpresa e do (re)encontro, um sim que me desarma e um não que me frustra… todos momentos que relembro e relembro como se uma idosa em fim de vida me tratasse. E no fim, sózinha, mais um Inverno gelado, o vento ouve-se lá fora nos ramos dos castanheiros e dos carvalhos e a luz insiste em ameaçar que a qualquer momento irá falhar, queria tudo menos estar sózinha.
A novela do momento que está a dar na TV faz de ruído de fundo, como sinal de presença humana e compensação para não tornar a solidão e a tempestade tão evidentes.
Ao fundo da cama as duas gatas enroscadas dormem e aproveitam os últimos momentos do calor do quarto antes de as ir fechar no salão para poder dormir sem revolução a meio da noite…
Ouço novamente a música que nas férias me roubava um sorriso rasgado. As fotos revelam que estava feliz, em melhor forma, cheia de gente à volta… “Essa miúda é um exagero” sita a canção e penso se realmente quando ma dedicaram não seria verdadeiramente apropriada. Os meus extremos e oscilações até a mim impressionam mas gosto de dizer que sou feliz assim e encontrei a “fórmula perfeita”! será? Será que não estou a trabalhar o meu isolamento e complexo de Urtigão?…resta-me apenas namorar as memórias…

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