Sexta-feira... o dia estava a correr a mil à hora... eu ainda tinha "n" coisas para fazer em Viseu de manhã e o tempo parecia não chegar para tudo...
Após os mil e quinhentos adiamentos a "malta do Alentejo" lá me avisa que estava a sair... na verdade só saiu passado ainda mais umas 5 horas!
Já eram 9 da noite quando cheguei a Tabuaço com o que era suposto ser uma bandeira da Irmandade... um trabalho verdadeiramento artístico pintado com uma trincha seca e o pincel de temperar a carne que os meus pais nem sonham que anda nestas andanças, uma bisnaga de pintar t-shirts, o resto ressequido de uma lata de tinta verde e um tubo inteiro de tinta acrílica... creio que é desta que a minha mãe me mata! Mas visto de longe até estava giro... digo eu...
Fui ter com o Márcio e o Che e assim jantou a organização no Cisne enquanto cada um lançava pragas ao puto que teimava em nos ensurdecer com os seus berros... houve até quem dissesse que tinha uma carreira no mundo da música hard-metal mais que promissora.
O mestre Jedi Magno, o Chico e a Joana foram os primeiros a chegar e quase ao mesmo tempo chegou o filhote Nuno e uma das promessas da escalada nacional, o Manelito, ambos da Maia. Foram todos encaminhados para o Quelha Funda para jantarem qualquer coisa enquanto nós os três fomos pendurar a "bandeira" ao Fradinho... já passava das 11 e eu só torcia que no meio daquele breu o Mestre não mandasse um trambolhão pela Cesar Augustus abaixo.
Voltámos para cima a ter com o pessoal e esperar pelos que ainda vinham a caminho. Num carregamento vinham o Netinho, o Marco e o Bruno e noutro a Natália e o Sesa... mas estes últimos andavam à procura de "Penedo-No" e de "Tábua-D'aço" daí que tivessem demorado um pouco mais...
Enquanto isso dois visitantes do sul já tinham também chegado mas como na altura não os conhecíamos não sabíamos disso. O Ricardo Borges e o Marco Fernandes acabaram por ficar acampados na base das paredes e com isso serem os primeiros a escalar no dia seguinte - tal era o fanatismo de alguns...
Depois de cafés, copos de água, finos, gins e favaios e muita discussão decidiu-se ir dormir para estarmos frescos para o dia seguinte.
7:00h - Alvorada. Pouco depois já estávamos, a comandita, na Cátia a tomar o pequeno-almoço.
Fomos então para o Fradinho.
O Ricardo e o Marco já estavam na Via Dupla a aquecer e pelos vistos tinham sido mais madrugadores que nós... dois lisboetas transmontanos que tinham feito 400 km para vir a um encontro onde não conheciam ninguém com o espírito da aventura.
O pessoal começou então a aquecer na ex libris, o
Fradinho, para passar um pouco de medo e libertarem-se depois para as melhores vias. Entretanto foram chegando os outros participantes, uns mais cedo, outros mais tarde, mas todos ainda puderam provar as paredes antes da 2ª etapa do encontro.
Seguiu-se a prova de vinhos, a decorrer na Quinta da Aveleira com a Martinha e a Sofia como anfitriãs. Com os seus Porto e a primeira produção da enóloga Marta Macedo, o Quinta do Passa Frio, fizeram sucesso. Os copos iam passando... e claro que acompanhados por uma deliciosa bola que a Junta de Freguesia e as duas tinham preparado para esta prova, num local paradisíaco... houve quem não resistisse a um mergulho na piscina sob as ramadas da vinha... com os mais de 30 graus que iam subindo.
Depois fomos todos para a praia fluvial de S. Pedro das Águias... banhos para uns, psicobloc para outros, soneca para outros ainda... estava-se bem, isso era certo. Íamos assim ficando em banho-maria... foi quando se decidiu ir procurar, numa expedição digna de exploradores da Selva Amazónica, as míticas paredes de que se falava em certos circuitos restritos.
A expedição foi conduzida pelo Mestre, e seguida pelo Magno, Luisito, Marco Cunha, Bruno, Emanuel, Manelito, Nunito e eu. Qual Amazonas, Nilo, Tigre,... venha quem quiser, esses tipos são todos amadores à beira do corta-mato que fizémos... mosquitos, aranhas, silvas demoníacas, travessias pelo rio, sobre pedras, debaixo delas... era capaz de jurar ter cruzado um olhar de relance com uma Anaconda... mas o que é certo é que uma hora depois estávamos perante o mito. Incrível... surreal... mas só a aproximação... abafou-me!
Estava sem vontade de voltar... ou sem crer como me tinha metido em tal andança... estava com os corsários molhados até à cintura, um dedo desfeito cheio de sangue, sapatilhas com o dobro do peso em água, as pernas pareciam acabadas de sair da caracterização da cara da miúda do Exorcista... e com isto ainda faltava todo o caminho para trás. Tínhamos pela certa levado uma coça por causa desta brincadeira, tivéssemos nós menos 15 anos... alguns menos 30... (esta é especialmente aplicada ao Manelito)
Com este desaparecimento de parte da comitiva, quando chegámos à praia poucos eram os resistentes. Alguns tinham já voltado ao Fradinho e outros estavam nos copos nos tascos da zona.
Fomos depois tomar um banho (abençoado) ao pavilhão antes do jantar - que era do outro lado da rua, no Tábua D'aço. Depois de alguma espera para entrar teve então início o repasto.
Aí foi espaço para muitas surpresas... para mim e para os outros todos que não faziam ideia que tinham sido arrastados para um aniversário e ainda
mais que nem sonhavam quem era a Cati... até a minha irmã enquanto o netinho ía puxando por consecutivos brindes à Catia...
Desde o bolo, ao buquet feito por eles mesmo com flores do campo, ao discurso brilhantemente apresentado pelo mestre de cerimónias da Irmandade, o Johny, tudo foi pensado ao pormenor.
Alguns, para grande pena nossa tiveram que se ir embora no final do jantar... esses foram os que se safaram ao terror do cenário do Quelha Funda. Na última etapa do encontro estava previsto irmos todos para o bar local, onde tínhamos direito a uma bebida de cápsula de oferta e caipirinhas a 2 € (com um ingrediente secreto que alguns julgam ser Joi ananás...). Entre as fantásticas coreografias do Luisito, beijos e abraços de outros, a sedução de alguns dos 'locals' a algumas participantes, a emoção de outros, houve até quem jurasse a pé juntos que tinha visto o seríssimo João a dançar com um copo na cabeça... enfim... o dia seguinte foi complicado... e os mais resistentes, eu, o Mestre, o João, o Luisito, o Pantufa e a Martinha partimos já depois das 4 e meia rumo ao pavilhão com a missão de encontrar o mítico Cromo nº24 da Abelha Maia que o João tinha perdido e estaria por entre os albergados.
Na manhã seguinte, ou seja 3 horas depois, o único que se vingou foi o Bruno e a única que sofreu fui eu... coitadita... ver-se às 7 da manha a ser arrastada no seu saco-cama pelo pavilhão fora... enfim, o que uma pessoa séria atura... putos novos...
Depois fomos todos tomar o pequeno-almoço à Cátia. Enquanto isso havia já alguns resistentes a escalar, nomeadamente o pessoal de Lisboa e de Viseu, enquanto o Márcio foi retirar as cordas que tinham ficado de apoio. Entretanto foram todos embora para as suas terras.
Daí fui para casa ter com o pessoal que tinha ficado lá, fomos almoçar à Feira Medieval de Penedono e finalmente pude descansar um pouco...
Foram cerca de 60 os participantes deste evento. Entre escaladores, estreantes, apreciadores, crianças, veteranos, estrangeiros, tivemos de tudo um pouco e ficou o convite e piscar de olho à organização para que outras edições se lhe sigam.
O encontro foi um sucesso. Não é apenas a organização que o diz mas também é o feedback que temos recebido.
Ah, parabéns à minha amiga São e ao Nuno que corajosamente experimentaram escalar e ficaram entusiasmados para outras oportunidades.
Obrigado a todos por terem vindo e participado mas em especial é claro à Organização sem a qual não seria possível. Também é preciso agradecer aos que fizeram muitos kilómetros para estarem presentes como os "alentejanos" Natália e Sesa, os lisboetas Ricardo e Marco, Paulo Miguel e Rui, da Figueira o Xico e a Joana, de Coimbra a Diana e o pessoal todo do Porto e Maia. Também ao João "Animado" que para além de ser um convidado se honra por ter sido o primeiro equipador do Fradinho, já á cerca de 7 anos, foi quem trouxe o participante mais novo e mais veterano. O pessoal de Viseu, do Caramulo (o vosso doce - que ofereceram no encontro do Caramulinho - é demais!), de São Pedro do Sul, da Covilhã, de Vila do Conde, de Ílhavo, de Espinho, o nosso participante do Rio de Janeiro, o Frederico, que está a tirar o mestrado em Vila Real e todos os outros cujos nomes não citei mas que não estão esquecidos. Obrigado.
Mais fotos em
http://www.escalada.com.pt/ mas ficam aqui mais algumas das minhas favoritas
6 comentários:
grande encontro :D sem palavras;)
grande descrição;)
conto estar presente em mais encontros:D:D
fanatismo até ao fim:D
beijo
PARABENS!!! Parabens à aniversariante e a toda a organização. Viva a Irmandade!!!
A este a malta do Algarve não conseguiu ir... já eram km a mais... mas brevemente haverá mais encontros...
Nice report!
Vejo-te super motivada, par escalar e para blogar!!!
Porreiro!
Qto ao encontro... não pude!
Bem, mas fui eu que fiquei a perder!
Obrigado por terem aparecido no 100º e até breve.
Nelson Cunha
Não faltou nada...hiiii
100%
Infelizmente acabei por não poder ir. Nesse fim de semana fui pai e mãe de 2 garotos pequenos.
Um forte abraço à irmandade.
ZM
Enviar um comentário